Espécies ameaçadas e Estradas.- Quem é mais afetado?

Tempo de leitura: 21 minutos

Espécies ameaçadas de extinção no Brasil

O Brasil tem hoje um total de 1.173 espécies da fauna comprovadamente ameaçadas de extinção. Desse total, 465 espécies são de vertebrados e as aves são o grupo mais afetado, com 234 espécies. Na tabela abaixo é possível ver como se distribuem as classes em cada nível de ameaça.

 

 

Entre os mamíferos existem três ordens que se destacam: Primatas (35 espécies), Roedores (30 espécies) e Carnívoros (13 espécies).

Os dados completos da lista de espécies da fauna ameaçada de extinção podem ser visto clicando aqui.

Planos de Ação Nacional 

Os Planos de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção ou do Patrimônio Espeleológico (PANs), conforme definição dada pelo próprio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), são políticas públicas, pactuadas com a sociedade. Elas identificam e orientam as ações prioritárias para combater as ameaças que põem em risco populações de espécies e os ambientes naturais e assim protegê-los.

Na prática, o ICMBIO identifica espécies, grupos de espécies e até mesmo paisagens específicas e convida diferentes segmentos da sociedade para discutir estratégias de conservação. Existe uma grande variação na composição destes grupos, mas normalmente predominam representantes do ICMBIO, ONGs, Universidades e outros órgãos governamentais.

Apesar das grandes mudanças na concepção entre os primeiros e os últimos PANs, na essência se definem ações prioritárias para reduzir as ameaças em até 5 anos.

Você pode ler o trabalho intitulado Avaliação dos Planos de Ação Nacionais para Conservação da Fauna Ameaçada de Extinção e obter mais detalhes sobre a percepção da efetividade dos PANs.

PANs e efeitos de estradas

Um levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) mostrou que 15 PANs propuseram ações relacionadas aos impactos de infraestrutura viária. No total foram 36 ações abrangendo oito diferentes temas, e o atropelamento foi a com maior ocorrência (60%).

Na metade de 2015 o CBEE foi convidado pelo ICMBIO a estruturar um PAN diferente, com foco no problema e não em espécie. Foram realizadas duas oficinas de elaboração, uma em setembro e outra em dezembro de 2015. Estiveram presentes 50 profissionais de 18 instituições. 

Destes dois encontros foram estabelecidas 40 ações em segmentos como pesquisa científica, políticas públicas, formação, entre outros.

Durante todo ano de 2016 foram realizados contatos e tratativas para que o chamado PAN Estradas fosse oficialmente publicado pelo ICMBIO. Ao final de 2016, com a realização do I Congresso Iberoamericano de Biodiversidade e Infraestrutura Viária, se constatou o pouco interesse político do órgão na publicação do PAN.

Assim, em março de 2017 o CBEE finalizou a edição do sumário executivo da Estratégia Nacional para Mitigação dos Impactos da Infraestrutura Viária na Biodiversidade (BioInfra Brasil).

Conheça todo o trabalho desenvolvido pela BioInfra. Clique na imagem abaixo e faça o download.

A BioInfra Brasil não lista quais espécies são prioritárias, ela atua de forma mais abrangente. Entretanto, os dados coletados durante os quatro anos de existência do Sistema Urubu permitiram identificar as principais espécies afetadas.

 

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A Expedição Urubu na Estrada

Já ouviu falar da Expedição Urubu na Estrada? Será uma grande campanha de pesquisa e conscientização sobre os impactos de estradas e ferrovias na biodiversidade brasileira.

A Expedição percorrerá mais de 25 mil quilômetros de estradas, 100 unidades de conservação e dezenas de projetos de conservação de espécies ameaçadas.

Você pode participar de longe, acompanhando as novidades ou ser parceir@ dessa grande aventura.

Saiba tudo da Expedição clicando aqui.

 

Principais espécies ameaçadas afetadas por atropelamento

É certo que os dados do Sistema Urubu possuem um viés para mamíferos de médio e grande porte. Isso ocorre por dois fatores: carisma da espécie e maior facilidade de visualização.

Independente desse fato, os números do banco de dados do Sistema são impressionantes e mostram que o Tamanduá-bandeira é a espécie mais afetada por atropelamento, com 404 registros. Em segundo e terceiro lugar estão a Anta (118 registros) e o Lobo-guará (61 registros).

Os felinos, se somados, atingem 117 registros e sabemos que muitos e muitos outros que morrem nunca são informados. Isso é facilmente constatado se fizermos uma busca na internet e contarmos quantas onças-pintadas foram noticiadas atropeladas nos últimos anos e apenas uma foi comunicada ao Sistema Urubu.

A tabela abaixo mostra as 10 espécies ameaçadas com maior número de registros no Sistema Urubu.

 

 

Conhecendo as espécies mais afetadas

Assim como o post Unidades de Conservação e Estradas.- Casos emblemáticos, esse post de espécies ameaçadas será ampliado semanalmente. Toda semana vamos incluir uma nova espécie ameaçada de extinção e que é afetada por atropelamento.

 

Mico-leão-dourado

Biologia e Ecologia

O Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) possui pelagem totalmente ruiva, cobre ou amarelo-dourada brilhante. A pigmentação da pelagem ao redor da cabeça, pés e mãos é geralmente mais escurecida, apresentando comprimento de 220 a 302mm. Nessa espécie pode ocorrer um ou dois períodos reprodutivos ao ano. Geralmente, apenas uma fêmea entra em atividade reprodutiva por grupo e a gestação dura até 132 dias, comumente nascendo gêmeos.

É um mamífero endêmico da Mata Atlântica, ocorrendo em remanescentes florestais do Rio de Janeiro com área de ocupação menor que 500 km2. Esses fatores justificam o fato de a espécie ser classificada como Em perigo (EN) em escala global (IUCN), nacional (Portaria MMA nº 445, de 17 de dezembro de 2014) e estadual no Rio de Janeiro. Sua distribuição abrange as seguintes Áreas Protegidas: Área de Proteção Ambiental Petrópolis (68.223,59 ha), Parque Municipal Natural da Taquara (19.4159 ha), Reserva Biológica de Poço das Antas (5.052,48 ha), Reserva Biológica União (2.922,92 ha) e Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São João / Mico- Leão – Dourado.

Ameaças

As ameaças do mico-leão-dourado são a fragmentação de habitat, redução de habitat, incêndio, assentamentos rurais, expansão urbana, competição com espécies exóticas (Leontopithecus chrysomelas e Callithrix jacchus), potencial hibridação com Leontopithecus chrysomelas e aumento da matriz rodoviária.

Dessas, a fragmentação da Mata Atlântica é considerado o mais forte impacto na perda da diversidade gênica  e interrupção do fluxo gênico do mico-leão-dourado.

 

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Conservação

Como ações de conservação, Leontopithecus rosalia está listada no Apêndice I da Convention on International Trade in Endangered (CITES) e faz parte do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica Central – PAN Mamac. No PAN encontram-se mais informações do Mico-leão-dourado, tais como taxonomia, biologia, ecologia, distribuição detalhada, etc.

A atenção nacional e internacional para a situação da espécie levou à implementação do Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado em 1970. Esse programa foi institucionalizado e em 1992 foi criada a Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD). A meta da Associação era atingir até 2025 uma população de 2.000 micos-leões-dourados vivendo livremente em 25.000 hectares de florestas protegidas e conectadas.

O empenho da AMLD e dos envolvidos nesta causa (como pesquisadores, educadores, gestores públicos, comunidade e conservacionistas) teve resultados tão expressivos que atualmente existem 3.200 micos-leões-dourados vivendo na natureza. Contudo, esse total de animais não está conectado para formar a população de 2000 animais.

As ações desenvolvidas pela AMLD foram essenciais para que a espécie passasse de Criticamente em Perigo (CR) para Em perigo (EN).  Entretanto, apesar do aumento populacional de indivíduos, ainda é necessário uma área maior de floresta, ou seja, muito trabalho e esforço ainda será necessário. Se você quiser saber um pouco mais desse trabalho incrível, clique aqui.

Para os pesquisadores e ativistas na causa, o conhecimento de filhotes e/ou novos indivíduos é sempre muito importante, porque mostra que população continua se reproduzindo livremente na natureza. E no ano passado foram registrados três novos filhotes de mico-leão-dourado na APA da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado.

O Mico-leão-dourado e a BR-101

A BR-101 deve ser a rodovia que mais impacta Unidades de Conservação e espécies ameaçadas no Brasil. Já comentamos em um post anterior os efeitos da rodovia na REBIO Sooretama.

No Rio de Janeiro a rodovia está sob concessão da Autopista Fluminense, responsável por 320 quilômetros da rodovia BR-101/RJ, no trecho que atravessa o estado do Rio de Janeiro de Niterói à divisa com o Espírito Santo.

 

A BR-101 está em processo de duplicação, fato que é extremamente necessário devido o tráfego de veículos no local, sobretudo de caminhões. Só quem já dirigiu nessa estrada sabe a loucura e os riscos.

Entretanto, pesquisas realizadas durante mais de 20 anos com o mico-leão-dourado definiram que a sobrevivência da espécie requer que, no mínimo, 2000 micos constituam uma população única. A presença da BR-101 antes da duplicação já impedia a conexão das populações que vivem em cada lado, e a duplicação determina o total isolamento.

Em fevereiro de 2014 a AMLD convidou o CBEE para um workshop para buscar soluções para esse problema. Foram dois dias de trabalho com pesquisadores, órgãos governamentais, concessionária, entre outros. O resultado foi a definição de sete pontos para implantação de diferentes estratégias de mitigação.

 

No decorrer destes 4 anos houveram muitas vitórias e reveses na proposta.

Em 17 de fevereiro de 2017 uma reunião realizada no Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, chegou a um acordo à Ação Civil Pública nº 0098462-16.2016.4.02.5116. Ação essa que  trata do cumprimento das condicionantes ambientais do processo de licenciamento da duplicação da rodovia BR-101 no Rio de Janeiro.

Em agosto de 2017, novamente o Ministério Público Federal (MPF) se reuniu, com representantes do ICMBio, Autopista Fluminense (APF), Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) e Associação Mico-Leão-Dourado para resolver pendências para a construção do primeiro viaduto vegetado no Brasil, que ligará duas áreas de unidades de conservação com micos-leões-dourados. Novamente foi acertado que a concessionária deveria continuar a desenvolver o projeto para o primeiro viaduto vegetado do Brasil, no km 218+400.

Finalmente, no início deste ano recebemos do secretário executivo da AMLD, Luis Ferraz, uma notícia incrível! Apesar de ajustes nas propostas iniciais, o projeto executivo do viaduto foi aprovado no início de 2018 e as obras foram marcadas para se iniciar ainda em abril. Dá uma olhadinha nas fotos desse projeto logo abaixo.

 

Um ponto importante. Ninguém deve esperar que no dia da conclusão das obras dessa passagem haverão grupos de micos aguardando ansiosos para usá-las pela primeira vez. É possível que o uso efetivo das passagens somente ocorra depois de meses ou mesmo anos, e isso não tem nada de errado.

Só para efeito de comparação, as incríveis passagens vegetadas de Banff no Canadá, somente foram amplamente utilizadas pelos ursos após um período de oito anos. É provável, e esperado, que os micos usem muito mais rápido, mas é importante que nossas expectativas sejam totalmente balizadas pelo comportamento da espécie.

O que precisamos fazer? Além de construir precisamos monitorar e aprender, somente assim poderemos fazer passagens melhores e cada dia mais efetivas.

CURIOSIDADES

Você sabia que existe o Dia Internacional do Mico-leão dourado? Sim. Ele é comemorado no dia 2 de Agosto e nesta data diversas instituições realizam atividades de conscientização em prol da conservação da espécie. Ainda, anualmente, Sociedade de Zoológicos do Brasil escolhe uma espécie da fauna para homenagear com campanhas de educação e sensibilização. O ano de 2017 foi o ano do Mico-leão-dourado e o slogan foi Quanto mais mico melhor

 

Anta

Biologia e Ecologia

A Anta (Tapirus terrestris) é o maior mamífero terrestre brasileiro, classificada na Lista Brasileira de Espécies Ameaçadas como Vulnerável. Apresenta um longo ciclo reprodutivo, com uma gestação de 13 a 14 meses e geração de apenas um filhote. Isso faz com que essa espécie seja muito vulnerável a pressões. 

As populações sofreram grande declínio nos últimos anos. Lá em 2005, a distribuição dessa espécie que antes compreendia 13 milhões de km² no Brasil, já tinha sofrido uma redução de cerca de 14%. Parece pouco né? Mas esses números tornam-se assustadores quando observamos as informações de ameaça para as diferentes regiões do Brasil.

Na Caatinga, a Anta é considerada Regionalmente extinta (RE) e na Mata Atlântica e no Cerrado encontra-se Em perigo (EN). No caso da Mata Atlântica só existem três áreas que mantêm populações viáveis com mais de 200 indivíduos. No Pantanal a Anta é considerada Quase ameaçada (NT), porém é possível que no futuro passe a ser vulnerável (VU) devido às intensas ameaças. Somente na Amazônia  a espécie é considerada Menos preocupante (LC) e é onde existem maiores chances de conservação.

E sabe o que é pior? Todas as populações com menos de 200 indivíduos podem desaparecer em até 33 anos, ou três gerações. Até mesmo as populações maiores estão sujeitas a declínios populacionais.

Impactos

São vários os impactos que ameaçam a Anta. Os principais são a caça, desmatamento e/ou alteração do habitat, extração de recursos, fogo, fragmentação do habitat, densidade humana e atividades antrópicas, dentre outros, que variam dependendo do bioma. E claro, não poderia deixar de falar do impacto de atropelamento, principalmente no Cerrado e Mata Atlântica.

Em 2017 participei de um trabalho que avaliou quais características da paisagem influenciam mais no atropelamento da anta. Os resultados são muito interessantes. Você pode ler e fazer o download do artigo original clicando aqui.

Sistema Urubu

E sabe o que é ainda mais assustador? Os dados do Sistema Urubu!

Temos registradas 118 antas atropeladas e 62% (n = 73) foram encontradas em apenas um estado, o Mato Grosso do Sul. Os outros 45 registros encontram-se distribuídos em outros 6 estados: Mato Grosso (n = 26), Goiás (n = 8), Pará (n = 5), São Paulo (n = 3), Minas Gerais (n = 2) e Paraná (n = 1).

Abaixo apresento a tabela com os biomas e suas respectivas quantidades de registros. E só para destacar esses números não são os dados reais de atropelamento da espécie. São apenas os registros enviados por nossos parceiros. Os números reais são muito superiores.

E quer saber mais? 3 desses registros foram de Unidades de conservação, 2 no Parna do Jamanxim e 1 na APA Ribeirão Claro, Águas Emendada, Paraíso e Rio.

Projetos de conservação

Apesar disso, existem projetos e ações de conservação sendo desenvolvidos. Em 2008 o IPÊ criou a Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB). O projeto é coordenado por Patrícia Medici e participação das médicas veterinárias Renata Santos e Caroline Testa.

No Mato Grosso do Sul também há o Pró Anta (Programa de proteção e preservação da anta brasileira) atuando com ações como o Plano de Ação para Conservação da Anta Brasileira no MS e o Programa Educacional Anta sem Extinção. O projeto é coordenado por Álvaro Cavalcanti.

Ainda, no Espírito Santo, existe o Pró-Tapir, que é o programa de Monitoramento e Proteção das Antas da Mata Atlântica Capixaba. Este programa é liderado pela bióloga Dra. Andressa Gatti, membro do Grupo de Especialista em Antas. Conta também, com com a participação de pesquisadores de diferentes instituições do Brasil.  

O Pró-Tapir atua também na Reserva Biológica de Sooretama. Fizemos um post recente sobre o impacto de rodovias em Unidades de Conservação. Você pode ler esse post clicando aqui.

Riscos do atropelamento de anta

Separei aqui embaixo algumas notícias de acidentes mais recentes (desde 2017) envolvendo Antas nas rodovias brasileiras. É impressionante a quantidade de reportagens. Publicamos um post sobre riscos de atropelar animais de grande porte para a perda de vidas humanas. Você pode ler esse post clicando aqui.

Expedição Urubu na Estrada

A Expedição Urubu na Estrada percorrerá 25 mil km de estradas em todo o Brasil e visitará alguns dos projetos acima. Quer saber mais da Expedição?

Você atua em uma Unidade de Conservação afetada por rodovia ou ferrovia? Ou desenvolve um projeto com espécie ameaçada que é atropelada? Veja por onde planejamos viajar, quem sabe visitamos você também?

 

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Lobo-guará

Biologia e Ecologia

O Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é um mamífero classificado como vulnerável pela lista de espécies ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente (Portaria MMA nº 445, de 17 de dezembro de 2014). É o maior canídeo do Brasil, que pode medir até 115 cm de comprimento e pesar 34 kg. Sua gestação dura entre 60 e 65 dias e gera de 1 a 5 filhotes. Encontra-se distribuído amplamente pelas áreas de vegetação aberta do Cerrado, Chaco e Pampas. Também possui distribuição no Rio Grande do Sul, Caatinga, Floresta Atlântica e Pantanal.

Ameaças

São diversas as ameaças sobre o Lobo-guará e por isso a grande preocupação com sua conservação. O principal impacto é a expansão de áreas antropizadas, que levam à redução e perda de habitats. Porém essa não é a única ameaça preocupante. A expansão da malha viária é vista como um fator que promove a retirada desses animais do ambiente, já que tem como consequência maiores números de atropelamento. Só o atropelamento é responsável pela perda de mais de 30% da produção anual de filhotes de Lobo-guará.

Conservação

Por ser uma espécie ameaçada de extinção, ações vêm sendo desenvolvidas para garantir sua conservação. O Lobo-guará teve seu PAN publicado em 2009 e já foi concluído. Dentre as ações propostas cinco tinham relação direta ou indireta com efeitos de infraestrutura viária.

Outra ação de conservação é o Programa para a Conservação do Lobo-guará – Lobos da Canastra, coordenado pelo Instituto Pró-Carnívoros. Apesar de todo o esforço nem sempre os resultados obtidos são satisfatórios. Recentemente foi divulgada uma notícia de que uma loba-guará, que vinha sendo cuidada pela equipe durante cerca de um ano foi atropelada após dois meses de soltura. O que era para ser uma atividade do Plano de Ação para a Conservação do Lobo-Guará, terminou com a perda da lobinha por um atropelamento. Fiz o post “É o lobo” contando um pouco desta história e como foi o desfecho dela, vale a gastar uns minutos lendo.

Essa não foi a única perdida recentemente. O Sistema Urubu já registrou 59 Lobos-guarás atropelados em todo território brasileiro. Lembrando que esses não são os números reais de atropelamento da espécie. São apenas os registros enviados pelos nossos parceiros. Os números reais são muito superiores.

Os indivíduos dessa espécie registrados pelo Sistema Urubu encontram-se distribuídos em 9 estados. Os mais afetados são Minas Gerais (n=23) e São Paulo (n=13), como mostra a tabela abaixo.

Quantidade de registros de Lobo-guará do Sistema Urubu por estado brasileiro.

Desses indivíduos, 7 foram registrados dentro de seis diferentes Unidades de Conservação. São elas: APA Corumbatai-Botucatu-Tejupa (n = 1), APA da Serra da Mantiqueira (n = 1), APA do Planalto Central (n = 2), APA do Ribeirão João Leite (n = 1), APA Estadual da Escarpa Devoniana (n = 1) e Parna das Emas (n = 1).

 


Não deixe de ler outros posts já publicados no Blog Alex Bager


 

Reuni algumas notícias de atropelamento dessa espécie no último ano. Entretanto, além da perda de indivíduos da espécie, os acidentes também causam perdas de vidas humanas e danos materiais. Clique aqui e veja dados impressionantes dos custos destes acidentes.

 

Quais as próximas espécies ?

Estou preparando textos incríveis sobre várias das espécies que estão na tabela de espécies ameaçadas que incluí no post, e de outras também.

Toda segunda feira esse post terá uma nova espécie. As próximas serão:

  • Tamanduá-bandeira;
  • Mico-leão-dourado;

 

Se você trabalha com alguma espécie ameaçada que é afetada por impactos de infraestrutura viária, me envia textos ou outras informações. Quem sabe não incluo ela aqui também.

 

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