Monitoramento dos atropelamentos de aves Columbiformes na BR-423

Monitoramento dos atropelamentos de aves Columbiformes na BR-423

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Trabalho apresentado no III Congresso Iberoamericano de Biodiversidade e Infraestrutura Viária (CIBIV 2020)

Autores.- Arthur Macário Lopes, José Cleiton Souza Tenório, Tiago Gripp Mota, Wallace Rodrigues Telino Júnior & Rachel Maria de Lyra Neves 

arthurmacario07@outlook.com

A fragmentação dos ecossistemas através da construção de rodovia, promove danos irreparáveis, pois durante e após o processo de construção há uma contínua perda de biodiversidade e paisagem. Segundo estimativas do CBEE por ano no Brasil são mortos cerca 75 milhões de animais por atropelamento. Este valor é sub-amostrado, visto a escassez de estudos tanto em regiões distintas do país quanto em relação aos grupos de animais estudados.

Assim, o objetivo deste trabalho foi monitorar os atropelamentos de aves columbiformes, no trecho entre as cidades de Garanhuns-PE e Águas Belas-PE da rodovia brasileira BR-423, quantificando e buscando futuras soluções para o problema. A pesquisa foi realizada no trecho da rodovia BR-423 que ligam os municípios pernambucanos de Garanhuns e Águas Belas.

As coletas ocorreram semanalmente no decorrer de um ano entre os meses de agosto de 2017 a agosto de 2018. Para as coletas foi utilizado um veículo da UFRPE-UAG que se deslocava a uma velocidade média de 50Km/h (min. 30km/h; máx. 70km). O monitoramento foi realizado nos dois sentidos da rodovia, do meio da pista ao acostamento, no sentido Garanhuns-PE a Águas Belas-PE, e do meio da pista ao acostamento, no sentido Águas Belas-PE a Garanhuns-PE, contemplando desta forma todas as faixas da rodovia.

O espécime atropelado era visto através do método de observação visual com o veículo em deslocamento. O veículo transportou três pessoas, o motorista, o estudante ajudante e o estudante pesquisador. Situado ao lado do motorista, o estudante pesquisador, ficou designado a localizar os atropelamentos na rodovia se mantendo o mesmo do início ao fim das coletas, garantindo a mesma capacidade de detecção visual. As informações coletadas foram a localização do atropelamento com o GPS-Garmin, (latitude, longitude e altitude), a identificação da espécie atropelada e o registro de imagens do indivíduo e do local do atropelamento para posterior construção do banco de dados do monitoramento. Depois de coletados os dados as carcaças foram removidas da rodovia.

Foram contabilizados 32 atropelamentos de columbídeos, em três espécies, obtendo-se uma taxa de atropelamento total de 0.4 ind./km/ano e 0.0010 ind./km/dia, sendo 30 de Columbina minuta (0.375 ind./km/ano) e um de C. tapalcoti e C. picui (0.0125 ind./km/ano). Os atropelamentos foram distribuídos por toda a rodovia com aglomerações (hotspots) próximo a zonas arborizadas.

Fatores sazonais e regionais, como o período chuvoso e a disponibilidade de alimentos podem ter influenciado os atropelamentos, já que 87,5% deles ocorreram em meses de baixa pluviosidade, levando os espécimes a buscarem novas alternativas para alimentação. Além disso, nesta rodovia é comum o transporte para escoamento de cereais, que, muitas vezes, ao longo do caminho são extraviados em poucas quantidades permanecendo na rodovia e gerando uma fonte de alimento para essas espécies granívoras. A rodovia possui possibilidade de instalação de medidas mitigatórias.