Impactos de estradas em ambiente aquático

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Série Infraestrutura Viária & Biodiversidade | Métodos e Diagnósticos

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A Série Infraestrutura Viária & Biodiversidade | Métodos e Diagnósticos é um conjunto de 14 post semanais. Cada post apresentará de forma rápida um tema atual em Ecologia de Estradas. Os temas abordarão monitoramento de fauna atropelada, monitoramento de pequenos mamíferos, telemetria, inteligência geográfica, impactos de rodovias em peixes e muito mais.

Nosso terceiro post da Série abordará os impactos de infraestruturas viárias sobre comunidades aquáticas. Vários dos posts dessa série são adaptações de textos produzidos por autores externos ao B.A.B..

Autores

Paulo S. Pompeu, Thais Y. Yuhara

Resumo

A construção de estradas pode potencialmente causar diversos impactos no ambiente aquático. No entanto, apesar da extensa malha hídrica brasileira e o elevado nível de interceptações com a malha rodoviária, este aspecto tem sido pouco abordado em nosso país.

Como forma de avaliar a magnitude deste problema, foram avaliados dezesseis córregos da região sul de Minas Gerais, dez considerados impactados por manilhas de drenagem (interceptados por estradas) e seis controles (não interceptados por estradas).

Em cada um deles foram avaliadas características do hábitat físico como: profundidade, substrato, vegetação, impactos totais humanos e quantidade de madeira. De forma geral, a interceptação por estradas com o uso de manilhas provocou aumento da profundidade na região próxima à estrada, acumulo de matéria orgânica à montante e diminuição da cobertura vegetal.

Aponta-se para a necessidade de se adequar as manilhas, em especial, para permitir o livre fluxo de madeiras e diminuir o desnível entre a tubulação e a área a jusante.

Como as estradas podem afetar os riachos?

Um dos impactos frequentes sobre os cursos d’água de menor porte é a sua interceptação por estradas. A construção de estradas cruzando um ambiente aquático muda a estrutura, a função e a estabilidade desses ambientes, podendo influenciar a hidráulica, transporte de sedimentos e a comunidade de peixes.

De forma geral, a utilização de pontes causa impactos mínimos no sistema físico do ambiente aquático. Por outro lado, canalizações e o uso de manilhas causam ausência de estabilidade ao córrego. Ainda assim, manilhas são utilizadas frequentemente em cruzamentos entre estradas e riachos de pequena ordem, geralmente córregos de cabeceiras, em regiões montanhosas, por representar menores custos e por oferecer maior segurança ao homem.

Mesmo com uma considerável distância, os ambientes aquáticos podem ser alterados tanto a montante quanto a jusante do local de encontro com as manilhas. A montante dessas barreiras pode haver uma modificação na flutuação das inundações em áreas da zona ripária, degradação e problemas estruturais de hidráulica, enquanto que a jusante podem ser alterados os processos de deposição e sedimentação.

O ambiente físico de riachos tem sido apontado como determinante para a estruturação das comunidades aquáticas, incluindo aspectos ligados à morfologia do canal e disponibilidade de recursos, padrões de vazão, área molhada, abertura do dossel, profundidade da água, quantidade de abrigo para peixes, quantidade de troncos e galhos presente no leito e uso e ocupação do solo na bacia de drenagem.

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Outros autores realizaram estudos avaliando os efeitos das rodovias sobre a comunidade aquática. Veja algumas dessas publicações:

BENTON, P.D.; ENSIGN,W.E.; FREEMAN, B.J. The Effect of Road Crossings on Fish Movements in Small Etowah Basin Streams. Southeastern Naturalist, Washington, v.7, n.2, p. 301-310, 2008

GIBSON, R.J.; HAEDRICH,R.L.; WERNERHEIM, C.M. Loss of fish habitat as a consequence of inappropriately constructed stream crossings. Fisheries, Maryland, v.30, p. 10-17, 2005

JONES, J.A.; SWANSON, F.J.; WEMPLE, B.C.; SNYDER, K.U. Effects of roads on hydrology, geomorphology, and disturbance patches in stream networks. Conservation Biology, Oregon, v.14, p.76–85, 2000.

LAMMERT, M.; ALLAN, J. D. Assessing biotic integrity of streams: effects of scale in measuring the influence of land use/cover and habitat structure on fish and macroinvertebrates. Environmental Management, New York, v. 23, n. 2, p. 257-270, Apr. 1999.

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