Ninguém liga pro seu sapo!

Tempo de leitura: 6 minutos

Cientista é um bicho muito louco. Vocês ficam falando só entre vocês

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Se você não tiver paciência para ler o post todo, não deixe de ver as animações no final. Tem algumas incríveis.

 

A culpa é do Fernando Meirelles

Agora são exatamente 22:03h, do dia 17 de fevereiro de 2018.

Estou há algumas horas reunindo materiais para fazer um post sobre a importância de sensibilizarmos as pessoas para a causa da conservação. Aí uma coisa puxa a outra e tenho a impressão que achei o culpado por eu ter incorporado tão forte a questão da divulgação científica na minha vida.

Vou tentar explicar. Em 2015 fui convidado para dar uma palestra no Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. Pouco antes da minha mesa redonda teve a apresentação do Fernando Meirelles. Eu não tinha ideia do nível de envolvimento dele com a causa ambiental e também isso não teria a menor importância.

O cara começou a palestra afirmando “Ninguém liga pro seu sapo!”.

Passado o susto ele começou a mostrar o quanto somos péssimos em engajar as pessoas na nossa causa. Toda vez que temos a oportunidade de falar para os “não letrados”, continuamos mostrando números, gráficos, estatísticas, ….

Faça a seguinte experiência. Na próxima janta em família, com todos sentados à mesa, tente manter 5 minutos de conversa sobre o resultado incrível da sua pesquisa, e que teve um p<0,0001 no teste de hipótese. ahhhh???? Quem se importa?

Exatamente, e fazemos isso toda vez que temos a oportunidade de conversar com políticos, gestores, empresários, entre outros. Algum tempo atrás li uma frase que diz tudo, Só existe UMA primeira impressão.

Voltando ao Meirelles, ele seguiu falando o quanto precisamos aprender a cativar as pessoas pelo coração. Que devemos fazer aquilo que aprendemos desde a nossa infância, contar histórias. Sim, nós contamos histórias várias vezes por dia, sobre todos os assuntos e para todas as pessoas. Contudo, somos uns chatos quando queremos convencer as pessoas a defenderem o que acreditamos.

Quando eu trabalhava com tartarugas

Quando trabalhava com a tartaruga Tigre d’água no sul do Rio Grande do Sul, percebi o quanto as diferenças de percepção influenciam na tomada de decisão. Eu trabalhava em uma área onde existiam coletores de ovos dessa tartaruga. Eles “plantavam” os ovos, aguardavam os filhotes eclodirem e vendiam por uma ninharia para traficantes. Garanto que há uma grande chance de você ter tido uma tartaruguinha na sua infância, principalmente se te mais de 30 anos. Parabéns, você certamente contribuiu com o tráfico de animais silvestres.

Um dia, era bem cedo, umas 6 da manhã, estava conversando com uma dessas pessoas que coletavam os ovos. Um homem de uns 40 anos, alto, mas obviamente muito judiado pelo tempo. Explicava para ele o que eu fazia, porque fazia e que as ações dele poderiam levar a espécie à extinção. Ele largou a caneca de alumínio com café, levantou da mesa, me pegou pela mão. Nessa hora achei que seria expulso da casa já que fomos até a porta da rua. A casa, de madeira, com frestas enormes entre as tábuas, sem luz elétrica e construída elevada do chão para fugir das enchentes, estava rodeada por umas 20 tartarugas.

Ele me olhou, falou que fazia 40 anos que morava ali. Comentou que todos os anos, durante o período de desova, a casa ficava rodeada de tartarugas diariamente. Ele não conseguia entender como que tirar uns ovos poderia estar causando algum mal.

Vamos parar um instante. Tenho certeza que você visualizou a cena toda. A caneca, talvez até a fumaça do café, meu receio de estar sendo expulso, um quintal cheio de tartarugas (por mais que isso pareça impossível na maior parte do Brasil). E isso aconteceu apenas com a leitura de poucas linhas. Imagina o poder disso se eu pudesse falar e contar sobre o cheiro, o som das tábuas, ….

Nesse momento você pode estar pensando, ahh, esse é um caso pontual, de alguém sem formação, que vive isolado. Então vamos voltar a nossa janta em família, e tenho certeza que 90% de todas as pessoas que estiverem nela não poderão te dar uma boa explicação do problema da fragmentação de habitat, da presença de espécies exóticas, do porque criar unidades de conservação é importante, e por aí vai.

 


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Contar histórias

Ok, e como podemos mudar isso?

Estudando a arte do storytelling. Por definição, storytelling é “a capacidade de contar histórias relevantes”. Os profissionais de marketing são os melhores nessa arte. Esse vídeo abaixo mostra um pouco das estratégias que se pode utilizar.

Existe muito material incrível para ser acessado, estudado e colocado em prática. Outro local que você não pode deixar de olhar é o TED, e não, não é o filme do ursinho promíscuo.

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Animações e vídeos

Esse é mais um post que acabou saindo fora do calendário editorial do B.A.B., mas estou adorando. Decidi que esse será um post em constante ampliação, e quero contar com sua participação nisso. Seguindo na linha de mostrar a importância de contar histórias, vou reunir algumas animações e outros vídeos que abordem a questão de atropelamento de animais selvagens. Eu conheço alguns, mas tenho certeza que podemos reunir uma infinidade se você me ajudar.

Assim, se você conhece um vídeo que seja interessante sobre o assunto, que seja instrutivo sem necessariamente ter sangue escorrendo pelo monitor. Manda o link em um comentário no final do post. Será um prazer aumentar nossa coleção.

 

Roadkill Redemption |Karl Hadrika | 2013

 

Stop the Roadkill Animal Zombies | Bosch

 

Wildlife Crossing | 3Bohemians | 2016

 

Caminandes | Llama Drama | 2013

 

Wildlife Crossing | Vídeo de uma concessionária francesa

 

Roadkill | Jules Marino | 2006

 

Tortoise Tiberius | Dtoons Shorts | 2015

 

Marty The Armadillo in: Roadkill Thrill | Confused Lobster Studios | 2017

 

Roadkill | The Animation Workshop | 2010

 

Uma sequência de vídeos do mesmo grupo

Road Kill – Dear | Subres group | 2000-2001

 

Road Kill – Ant | Subres group | 2000-2001

 

Road kill – Turtle | Subres group | 2000-2001

 

Road kill – Fox | Subres group | 2000-2001

 

 

Algumas vezes me sinto meio fora da caixinha, dando valor para algumas coisas que não sei se as maioria das pessoas concordam. Se você puder me contar como faz para ser mais efetiv@ nas suas ações de conservação da biodiversidade, vou realmente adorar saber. Pode usar o espaço dos comentários.

E não esquece, se você acha que esse post pode ajudar alguém, compartilha ele nas tuas redes sociais. Basta clicar nos botões do post.

 


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