Pontos críticos de atropelamentos de anfíbios e répteis em Tefé, AM

Pontos críticos de atropelamentos de anfíbios e répteis em Tefé, AM

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Trabalho apresentado no III Congresso Iberoamericano de Biodiversidade e Infraestrutura Viária (CIBIV 2020)

Autores.- Afonso José Cruz Gonçalves Pereira, Bruce Dickinson dos Santos Júnior, Iury Valente Debién Cobra, Rickelmy Martins de Holanda & Rafael Bernhard

afonso.buya@gmail.com

O termo hotspots designa os pontos críticos de atropelamentos, geralmente inferidos através de análises estatísticas de sua distribuição espacial, sendo uma ferramenta importante tanto para estudos ecológicos quanto para a proposição de medidas de mitigação. O objetivo desse estudo foi verificar a existência de agregações de anfíbios (Anura) e répteis (Squamata), além de determinar a localização dos hotspots e analisar a sua constância entre anos e sua representatividade.

O estudo foi realizado de agosto de 2017 a agosto de 2020, em duas estradas do interior do município de Tefé, AM (3°25´S; 64°44´W). A estrada da Agrovila (12,31 km) e um trecho de 12,97 km da estrada da EMADE foram percorridos de bicicleta por dois a quatro pesquisadores. Na Agrovila as saídas foram semanais e na EMADE mensais. Cada animal encontrado foi fotografado e teve a sua coordenada geográfica registrada. Para a análise de agregação foi realizada uma análise estatística K-Ripley bidimensional e, em caso de agregação significativa para raios de 50m (anfíbios) e 100m (répteis), foi realizada uma análise de hotspots bidimensional. Essas duas análises foram feitas com o programa SIRIEMA. Foi utilizada uma análise de correlação de Pearson com a localização dos hotspots entre os três anos. Para verificar a representatividade dos hotspots o percentual de atropelamentos que ocorreram dentro de sua área de abrangência foi calculado.

Como resultado foi encontrada agregação para as duas estradas e para os dois grupos taxonômicos, com exceção do segundo e terceiro anos para os Squamata na estrada da EMADE. Nesses casos só houve agregação para 2.100 e 950 metros de raio, respectivamente. Entre os anfíbios cinco trechos de hotspots tiveram a mesma localização em três anos e 10 trechos repetiram-se em dois anos na Agrovila. Entre os répteis quatro trechos tiveram duas repetições. Não houve nenhuma repetição de trechos de hotspots para a EMADE.

Houve correlação entre os locais de hotspots entre os três anos na Agrovila para anfíbios e entre os anos um x dois e dois x três entre os répteis. Essa correlação não ocorreu na EMADE. Dentre os anfíbios o percentual de registros encontrados dentro das 46 áreas de hotspots variou de 7,3 a 51,3% e entre 18,7 e 64,7% para os répteis. A ausência de agregação espacial para répteis na EMADE pode ser explicada pelo baixo número de registros desse grupo no segundo e terceiro anos de monitoramento. A correlação entre a localização de hotspots entre anos para anfíbios e répteis pode indicar que características da paisagem estejam influenciando em sua abundância.

Ainda são necessários estudos para compreender quais são as características ambientais que determinam os locais de atropelamento de anfíbios e répteis na área de estudo.