Animais silvestres atropelados na região norte do estado do Paraná

Animais silvestres atropelados na região norte do estado do Paraná

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Trabalho apresentado no III Congresso Iberoamericano de Biodiversidade e Infraestrutura Viária (CIBIV 2020)

Autores.- Andressa Maria Rorato Nascimento de Matos, Eloiza Teles Caldart, Fernanda Pinto Ferreira, Aline Ticiani Pereira Paschoal & Italmar Teodorico Navarro

eloizacaldart@uel.br

No estado do Paraná o número de animais mortos por atropelamentos pode estar subestimado pela ausência de monitoramentos sistemáticos tanto pelo poder público, quanto pela academia. Objetivou-se com o estudo avaliar os locais e as espécies silvestres atropeladas na região Norte do estado do Paraná, Sul do Brasil.

O projeto ocorreu entre novembro/2016 e outubro/2018, sendo aprovado pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO; número 55384-1). Devido à necessidade de obter amostras viáveis para análises laboratoriais, optou-se somente pelas carcaças em bom estado de conservação. O estudo compreendeu as rodovias intermunicipais das mesorregiões Norte-central e do Norte Pioneiro, sendo divididas em quatro transectos (T) e percorridos uma vez ao mês: T1 – Londrina, California, Mauá da Serra; T2 – Londrina, Cornélio Procópio, Sertaneja; T3 – Londrina, Rolândia, Prado Ferreira, Alvorada do Sul, Bela Vista do Paraíso; T4 – Londrina, Mandaguari, Maringá, Astorga, Jaguapitã.

Foram adicionados os animais atropelados encontrados por munícipes em áreas urbanas de Londrina. Buscou-se parcerias com as 2ª Companhias da Polícia Ambiental e do Batalhão da Polícia Rodoviária, com as Regionais de Saúde e com concessionária de estradas que abrange as rodovias BR-369, PR-323, PR-445 e PR-090. Informações sobre o local do atropelamento foram coletadas: latitude e longitude, proximidade (raio de 2 km do atropelamento) a áreas verdes, mata ciliar, corpos de água e presença de sinalização da passagem de animais silvestres e da velocidade permitida.

Coletou-se 90 animais: mamíferos (73,3%), aves (21,1%) e répteis (5,5%). Didelphis albiventris apresentou maior frequência (27,8%) e somente em áreas urbanas. Este resultado refere-se à facilidade de avistamento nestas áreas devido ao comportamento sinantrópico da espécie. Outras espécies mais frequentes foram: Cerdocyon thous (5), Nasua nasua (5), Dasypus novemcinctus (4), Tamandua tetradactyla (4), Sapajus apella (4), Cavia aperea (3), Salvator merianae (4). Além disso, foram encontrados Leopardus wiedii (1) e Leopardus guttulus (4), espécies classificadas como quase ameaçada e vulnerável, respectivamente, pela IUCN.

Observou-se maior número de machos (58,5%) e adultos (57,3%). Em 57,8% coletou-se os animais após notificações que ocorreram pelas parcerias com os batalhões da polícia, as regionais de saúde e por munícipes e 42,2% foram encontrados durante as buscas ativas (T1 n=17; T2 n=11; T3 n=8; T4 n=2). A parceria com a concessionária procurada não foi efetivada. Apenas 3,8% dos locais contavam com sinalização de animais silvestres e de limite de velocidade em 53,2% dos casos. Em 83,5% foram observados cursos d´água próximos e 98,81% estavam a menos de 5 km de áreas de vegetação nativa.

Este é o primeiro trabalho na região sobre os atropelamentos. Além dos relevantes dados de maior ocorrência (T1) e das principais espécies impactadas (mamíferos de médio porte), o estudo também gerou o interesse de docentes e alunos do curso de medicina veterinária da Universidade Estadual de Londrina, os quais não tinham consciência da magnitude dos impactos à fauna.

Sugere-se a necessidade de medidas de mitigação, principalmente próximos a cursos d’água, com sinalização e radares nas áreas de maior ocorrência, além de medidas informativas e educativas à população.