Inteligência Geográfica e Participativa para Planejamento de Corredores de Transporte

Tempo de leitura: 6 minutos

Série Infraestrutura Viária & Biodiversidade | Métodos e Diagnósticos

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By Sjoh197 [CC BY-SA 4.0 (https-//creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0)], from Wikimedia Commons.gif
A Série Infraestrutura Viária & Biodiversidade | Métodos e Diagnósticos é um conjunto de 14 post semanais. Cada post apresentará de forma rápida um tema atual em Ecologia de Estradas. Os temas abordarão monitoramento de fauna atropelada, monitoramento de pequenos mamíferos, telemetria, inteligência geográfica, impactos de rodovias em peixes e muito mais.

Nosso nono post da Série abordará o emprego de sistemas de informações geográficas em planejamento de transporte. Vários dos posts dessa série são adaptações de textos produzidos por autores externos ao B.A.B..

Autores

Rodrigo A. A. Nóbrega

Resumo

O emprego de sistemas de informações geográficas em planejamento de transporte impulsionou um setor que por décadas estava estagnado. O potencial das técnicas de geoprocessamento para prover análises e respostas a questões ambientais relacionadas a projetos de infraestrutura de transportes é algo em plena expansão. Uma das funções mais promissoras e que tem demonstrado eficiência e resultados inovadores é a modelagem geográfica participativa para o planejamento de corredores de viabilidade de empreendimentos lineares de engenharia.

O presente capítulo traz uma reflexão sobre o tradicional sistema de planejamento de transportes que, por se apoiar em métodos limitados quanto a análise dos dados e a tomada de decisão, continua a repetir erros do passado. Como resultado, o tradicional sistema de planejamento de transportes demanda remediações jurídicas e ambientais, as quais poderiam ser evitadas ou minimizadas por um planejamento mais eficiente.

São ressaltadas lições aprendidas em projetos passados quanto a implicações ambientais, bem como retratada uma síntese da história do planejamento de corredores de transporte no Brasil. O texto traz também um resumo sobre o processo de complexificação das políticas de transporte, bem como sobre a necessidade de modernização das técnicas de planejamento de transporte e as soluções inovadoras, em especial voltadas ao aperfeiçoamento da Ecologia de Estradas.

Perspectivas da modelagem geográfica na ecologia de transportes

Para o setor de estradas de rodagem e ferrovias, as questões mais frequentes nas pautas atuais da política de transporte são relacionadas a assuntos de licenciamento ambiental, segurança viária e, ainda que com menor intensidade a indução positiva ou negativa de interferências no uso e ocupação do solo. No Brasil, o tema mais frequente tem sido a mobilização de regras para viabilizar a concessão para operação e manutenção de segmentos da malha de transporte terrestre. O país passa por um período de turbulência político-administrativa e tenta incisivamente alavancar parcerias e recursos da iniciativa privada supostamente interessada.

O modelo proposto pelo governo toma como referência casos de sucesso internacional, todavia a disparidade de interesse da iniciativa privada em administrar trechos com baixo volume de tráfego e/ou em se comprometer no aprimoramento da infraestrutura viária existente tem limitado os casos de sucesso das concessões. Com isso, o que se que se nota são as frequentes tentativas do governo em flexibilizar, quando não suprimir as legislações ambientais, o que desencadeia um amargo retrocesso de décadas na política ambiental.

Embora promissores e com resultados comprovados quanto a estudos de viabilidade técnica, viabilidade econômica e viabilidade ambiental, os modelos de inteligência geográfica de corredores podem ser aperfeiçoados quanto à modelagem preditiva de cenários futuros, bem como quanto à incorporação de métricas de paisagem, serviços ecossistêmicos e considerações sobre fauna e flora trabalhadas na ecologia de estradas. Por sua vez, ao se apoiar em análises geográficas e contextuais, a ecologia de estradas amplia sua gama analítica de conhecimento e adentra no universo transdisciplinar da geografia.

Suas análises passam a incorporar as características naturais e antrópicas da área de estudo e áreas de influência. A modelagem geográfica passa a permitir que sejam inseridos fenômenos ocorridos na paisagem como, por exemplo, as mudanças de padrões de cobertura e uso do solo, bem como inseridas as interpretações especializadas das políticas públicas em transporte e meio ambiente.

Por último, é importante estar atento a manobras políticas que envolvam o interesse dos grupos partidários à flexibilização de exigências ambientais e grupos partidários à sustentabilidade e conservação. A afirmação de que o processo ideal de planejamento de transportes deveria superar a queda de braços entre os requerimentos dos órgãos ambientais e a pressão das frentes de engenharia nos EUA é também válida no Brasil. Aqui, a complexidade das políticas de transporte e seu uso efetivo no processo de tomada de decisão estão entre os principais desafios para os gestores quanto a implementação de novos projetos.

Cabe ressaltar que a estratégia atual tomada pelo Governo em afrouxar as exigências ambientais como forma indireta de promover facilidades para atrair o interesse da iniciativa privada em participar dos leilões de concessão das rodovias e ferrovias, se confirmada, estagnará os crescentes avanços colocados em prática pela ecologia de estradas. Ademais, esse retrocesso potencializará futuros problemas a serem mitigados (remediações jurídicas, como chamado pelo Ministério Público Federal).

Fonte: Google Earth

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O capítulo tem 31 páginas repletas de informações incríveis e com a seguinte estrutura de tópicos:

  • Introdução
  • O tradicional e obsoleto planejamento de transportes
    • Reflexão sobre as Lições Aprendidas de Projetos Passados de Infraestrutura de Transporte
    • Retratos do Planejamento de Transporte Rodoviário no Brasil
  • A “complexificação” das políticas em transporte
  • A demanda pela modernização do planejamento de transportes
  • O contexto geográfico e as soluções inovadoras
    • Cenários Participativos
    • Análise Multicriterial
    • Context Sensitive Solution
  • Inteligência geográfica no apoio ao planejamento de corredores
    • Novos paradigmas para estudos de impacto ambiental em planejamento de transportes
    • O pioneirismo brasileiro na prática da inteligência geográfica em projetos estruturantes
  • Perspectivas da modelagem geográfica na ecologia de transportes

Tenho certeza que esse conhecimento será de suma importância para você estudante, pesquisador ou profissional, que atue na área de ecologia de estradas.

Se quiser ampliar seu conhecimento, visite os posts publicados anteriormente. Garanto que tem muito conteúdo interessante e bacana.